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Quem tem Alzheimer pode ter alucinações? Descubra por que isso acontece e como agir

As alucinações são um dos sintomas que podem se manifestar em pessoas com Alzheimer e, muitas vezes, acabam gerando insegurança ou até mesmo pânico em quem convive de perto com a doença. Apesar de representarem uma condição desafiadora, elas não precisam ser encaradas como algo intransponível. Entender por que ocorrem, como reconhecê-las e o que fazer para amenizá-las ou preveni-las pode trazer mais tranquilidade ao dia a dia tanto do idoso quanto dos cuidadores e familiares. A seguir, exploramos cada tópico de forma mais detalhada.

O que são alucinações e por que elas acontecem em pessoas com Alzheimer

As alucinações são percepções sensoriais que ocorrem sem qualquer estímulo real. Isso significa que a pessoa vê, ouve ou sente algo que não existe de fato naquele momento. No caso do Alzheimer, essas percepções irreais são fruto de alterações neurodegenerativas que afetam o funcionamento do cérebro.

  • Degeneração de neurônios: Com a progressão da doença, células cerebrais vão sendo afetadas, o que provoca falhas na comunicação entre diferentes partes do cérebro. Essas “falhas” podem levar à distorção de informações sensoriais.
  • Estímulos sensoriais confusos: Um ambiente pouco iluminado, barulhento ou caótico pode contribuir para que o idoso interprete de forma equivocada sinais visuais ou auditivos, favorecendo o aparecimento de alucinações.
  • Fatores emocionais e psicológicos: Ansiedade, estresse e depressão podem fragilizar ainda mais a percepção do idoso, tornando-o mais suscetível às ilusões.
  • Medicamentos e condições de saúde: Alguns remédios ou combinações de fármacos podem aumentar a confusão mental. Além disso, infecções (por exemplo, do trato urinário) e desequilíbrios como desidratação são conhecidos por piorar quadros de delírio e alucinações em idosos.

Quais são os tipos mais comuns de alucinações em idosos com Alzheimer

Os tipos de alucinações podem variar, mas, em geral, há três formas principais que se manifestam em pessoas com Alzheimer:

  • Visuais: São bastante frequentes e podem incluir a “visão” de pessoas falecidas, animais inexistentes ou até objetos em locais onde não estão. O idoso pode, por exemplo, afirmar ver um cachorro sentado no sofá ou enxergar alguém parado perto da porta.
  • Auditivas: Podem envolver vozes, ruídos ou músicas que não estão realmente tocando. Algumas vezes, o idoso acredita ouvir um parente chamando seu nome ou sons de campainha e telefone que não tocam na realidade.
  • Tácteis: São menos comuns, mas também possíveis. Aqui, a pessoa relata sensações de estar sendo tocada, acariciada ou até mesmo picada por insetos inexistentes.

Cada um desses tipos pode surgir de forma isolada ou combinada, e a intensidade das alucinações pode variar de episódios leves a situações mais graves que comprometem a rotina do idoso.

Como diferenciar uma alucinação de uma falsa memória ou esquecimento

Distinguir alucinações de outras manifestações típicas do Alzheimer, como falsas memórias e esquecimentos, nem sempre é simples, mas existem algumas pistas:

  • Alucinação: O idoso descreve algo que está “vendo” ou “ouvindo” em tempo real, com detalhes sensoriais vívidos. Ele pode insistir que há alguém no quarto naquele exato momento, por exemplo.
  • Falsa memória: Envolve a convicção de que uma lembrança antiga ou confusa está acontecendo agora, porém sem a riqueza de detalhes sensoriais característica da alucinação. É como se o passado se misturasse ao presente, mas não há a percepção sensorial de fato.
  • Esquecimento: São lapsos de memória em que a pessoa não consegue reter ou recuperar informações recentes ou mesmo do passado. Não há criação de uma nova realidade perceptiva, apenas a dificuldade de lembrar.

Observar a intensidade e a forma como o idoso descreve a experiência pode ajudar bastante. Se ele relata sensações muito específicas (cores, formatos, vozes), indicando que estão acontecendo naquele instante, a probabilidade de ser uma alucinação é maior.

A importância de um ambiente seguro e tranquilo para prevenir alucinações

O ambiente em que o idoso vive tem um papel crucial na redução ou no agravamento das alucinações:

  • Iluminação adequada: Evitar ambientes muito escuros, já que sombras podem causar confusão. Por outro lado, uma luz excessiva pode gerar desconforto e irritação. É preciso buscar um equilíbrio agradável para o idoso.
  • Redução de ruídos: Barulhos altos ou constantes (televisão em volume muito elevado, música estridente, conversas em tom alto) podem estressar a pessoa e aumentar o risco de confusão. Procurar manter uma atmosfera serena é fundamental.
  • Organização do espaço: Lugares bagunçados, com muitos objetos espalhados ou dispostos de forma desordenada, podem provocar desorientação. Manter móveis e itens essenciais sempre nos mesmos locais facilita a circulação e a identificação de cada espaço.
  • Estimulação sensorial positiva: Ter à vista fotos de familiares, objetos queridos e itens que tragam boas lembranças pode ajudar o idoso a se sentir mais seguro e emocionalmente estável.

Quando há harmonia no ambiente, a tendência é que a pessoa com Alzheimer fique mais calma e menos propensa a ter alucinações desencadeadas por desconfortos ou estímulos excessivos.

A importância do cuidador no processo de recuperação e estabilização do idoso

O cuidador, seja um familiar ou um profissional, tem um papel crucial no suporte ao idoso com Alzheimer:

  • Observação atenta: Monitorar mudanças de comportamento e registrar episódios de alucinação pode ajudar a identificar padrões. Talvez elas ocorram mais à noite (o chamado “sundowning”), após o uso de certos medicamentos ou em situações de estresse.
  • Abordagem empática: Quando o idoso relata uma alucinação, é importante evitar confrontá-lo de forma direta ou agressiva, pois isso pode aumentar o medo e a ansiedade. Em vez disso, manter um tom de voz calmo, olhar nos olhos e, se necessário, tentar redirecionar a atenção para outro tema ou atividade.
  • Comunicação clara e simples: Frases curtas e diretas, junto a gestos gentis, ajudam o idoso a entender melhor o que está sendo dito.
  • Interação com profissionais de saúde: O cuidador funciona como uma ponte entre o idoso e a equipe médica, levando informações sobre possíveis efeitos colaterais de medicamentos, sinais de piora ou melhora e qualquer alteração de comportamento.

Esse papel de apoio e observação é determinante para promover qualidade de vida e estabilidade ao idoso, garantindo também a segurança dele e a tranquilidade de todos em volta.

Quando procurar ajuda profissional: sinais de que as alucinações estão fora de controle

Embora algumas alucinações possam ser manejadas em casa com cuidados básicos, há momentos em que o suporte médico ou de outros profissionais se torna indispensável:

  • Episódios frequentes ou intensos: Se as alucinações passam a ocorrer várias vezes ao dia, com grande impacto no bem-estar do idoso.
  • Agressividade ou comportamento perigoso: Caso o paciente reaja de forma violenta, ameace a si mesmo ou a outros devido às percepções irreais.
  • Perturbação severa da rotina: Quando o idoso deixa de se alimentar, de dormir ou de realizar tarefas básicas porque as alucinações o impedem de agir normalmente.
  • Suspeita de reação medicamentosa ou outro problema de saúde: Alterações abruptas após uma mudança de medicamentos ou sinais de infecção (febre, dores, mudanças na urina) exigem avaliação especializada.

Nessas situações, contar com um geriatra, neurologista ou equipe multidisciplinar especializada em cuidados com idosos faz toda a diferença. O profissional poderá ajustar a medicação, indicar terapias auxiliares (como acompanhamento psicológico ou ocupacional) e orientar medidas mais específicas para cada caso.


As alucinações em pessoas com Alzheimer podem ser um grande desafio, mas, com informação, paciência e cuidados adequados, é possível lidar com elas de forma mais segura e compassiva. Criar um ambiente acolhedor, manter uma comunicação tranquila e estar atento aos sinais de que algo está fora de controle são passos essenciais para garantir mais qualidade de vida ao idoso. E, claro, nunca hesite em procurar ajuda profissional quando necessário: cuidar da saúde e do bem-estar de quem enfrenta o Alzheimer é um trabalho conjunto, que envolve família, cuidadores e especialistas.

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